terça-feira, abril 24, 2007

Entrevista ao Jornal OLÉ - 2007


Entrevista

Esta semana fui entrevistar um toureiro de seda e prata, que sempre admirei como novilheiro e respeito como bandarilheiro.
Foi preciso muita aficion e força de vontade para ultrapassar tantas barreiras que o destino lhe pregou.
Vamos ler o que o Rui Plácido tem para nos contar.

Olé - Rui este ano ias fazendo um” hat-trick “em Madrid ?

R.P- É verdade, apresentei-me a 13 de Agosto numa corrida de rejoneo com o Paulo Jorge Santos, oito dias depois tive o meu debute oficial com uma corrida de Atanásio Fernandes saindo às ordens do matador de toiros Equatoriano Guillermo Alban e toureava em Outubro com o António João Ferreira, mas não houve corrida porque o piso estava impraticável.

Olé - Estás determinado a fazer carreira em Espanha e França ?
R.P – Estou, porque é onde eu desfruto mais da minha profissão.

Olé - E em Portugal?
R.P- É com enorme gosto que também actuo cá, sempre que tiver datas livres.

Olé - Tens alguma actividade paralela ao toureio ?
R.P- Há dois anos a esta parte vivo do e para o toiro, ou seja, desfruto a 100% a minha profissão.

Olé - Já estás fixo com algum toureiro?
R.P- De momento propus-me a andar solto.

Olé - Para quem não te conhece foste um novilheiro de muita luta e sacrifício ?
R.P- Considero-me mesmo um dos últimos “maletilhas” do nosso País, andei a pé e à boleia para as tentas, dormindo em barracões das casas agrícolas assim como em carros abandonados.

Olé - Como foram os teus princípios?
R.P- Complicados mas muito bonitos, antes de me por pela primeira vez diante de uma bezerra o Maestro Mário Coelho teve-me 3 anos a treinar de salão, eram outros tempos.

Olé - Quando foste para Madrid para a casa do Sr. Jesus Nunes?
R.P- Fui no dia 12 de Janeiro de 92, após terminar o serviço militar, pelas mãos do saudoso João Vilaverde, faziam no dia da minha chegada -7ºC .

Olé - Arranjava-te corridas, mas tudo no “ vale do medo “ ?
R.P- Era tudo no “vale do terror”, com verdadeiras capeas de tronqueiras e carros como trincheiras, o toiro mais pequeno que matei teria 400kg e daí para cima.
Muitas das supostas praças que pisei tinham fontes e candeeiros no meio.
Não deixo de reconhecer que efectivamente a festa dos toiros em Espanha começa precisamente nas capeas.
E quando não tens dinheiro ou gente com força por trás, a solução é esta.


Olé - Numa novilhada em Vila Franca chegaste a matar um novilho?
R.P- Sim, era um utrero para quatreño com mais de 500kg pertencia à ganadaria da Sociedade Agrícola de Santo Estêvão.
Vinha de Madrid toureava como de costume com a espada de matar, ao simular a estocada como já tinha feito no primeiro agarrei-lhe um mete e saca, que fez o novilho rodar já dentro dos currais dada a pressa com que foram abertas as portas, o toiro na agonia da morte encabrestou caindo sem puntilha já dentro dos curros.

Olé - Qual foi o teu objectivo ao vires a pé de Madrid a Vila Franca de Xira vestido de toureiro?
R.P- Mais do que meu, o objectivo foi da pessoa que me ajudava no sentido de sensibilizar o nosso governo e companheiros para que o toiro bravo tivesse uma morte digna…. na praça.

Olé - Quando debutaste com picadores ?
R.P- Em Morata de Tajuña (Madrid), em 9 de Setembro de 92, brindei o meu primeiro novilho ao então também novilheiro José Luís Gonçalves, que curiosamente tinha debutado em Las Ventas 4 dias antes com bastante êxito.
Esta novilhada esteve adiada hora e meia na altura do sorteio, porque os picadores exigiram cavalos e puyas de toiros, em virtude de a corrida apresentar em média mais de 600 kg.

Olé - Numa última tentativa foste para México?
R.P- Estive no México durante 7 meses, apenas interrompia a estadia em terras aztecas quando ia tourear aos Estados Unidos.

Olé - Como foste encontrar o ambiente em México?
R.P- Complicado, porque fui com intenção de tourear sem pôr dinheiro, quando lá cheguei deparei-me com uma realidade diferente, não se pagando na altura tanto como em Espanha, mas em dois sítios principais onde se dão novilhadas pediram-me no mínimo 1500 Pesos (1000 euros).
Só lá pude estar este tempo todo derivado às muitas amizades que tinha feito em Portugal e Espanha com mexicanos.
Estava em casa dos matadores António Urrutia, Óscar San Roman , Carlos Ortega e do então novilheiro e actual figura em México José Inácio Garibay.

Olé - Mas chegou-te o convite para tirares a alternativa?
R.P- Sim , um dia o malogrado João Vilaverde disse-me que ia a Espanha falar com uns taurinos Espanhóis, para que eu tomasse a alternativa de matador de toiros.
E davam-me em Valverde del Camino (Huelva), os matadores António Ferrera e António Borrero “ Chamaco”.

Olé - Então porquê que não aceitaste tirar a alternativa?
R.P- Por duas razões:
- Primeira - o empresário não me pagava as despesas, como me pedia dinheiro.
- Segunda - após tomar a alternativa e com a “embalagem” que levava, provavelmente teria que basear a minha carreira em meia dúzia de corridas no meu País.
E o sacrifício que levava feito ao longo destes anos de novilheiro achei por bem abdicar.


Olé - Olhando para trás se tivesses ido para a escola de toureio de Madrid, talvez o fim fosse outro?
R.P- Claro que sim, mas ia viver e comer onde? Eu estava sozinho em Espanha sem um tostão, o que me valeu foi o convite para ir viver para sua casa do então bandarilheiro Jesus Nunes.

Olé - Mas agora estás determinado a ser figura de seda e prata?
R.P- Por isso abdiquei da alternativa de matador de toiros.
Depois de amadurecer a decisão, coisa que não foi fácil , vi que preferiria tentar ser um bom toureiro de prata que um matador de toiros modesto.

Olé – É uma sorte haver a escola de toureio José Falcão de Vila Franca que pode proporcionar novilhadas com qualidade em Espanha e França, não achas?
R.P- Já era hora de aparecerem as escolas de toureio para facilitar a vida aos miúdos que querem ser matadores de toiros.
As escolas de toureio não servem só para fazerem toureiros, para além dessa têm como função formar Homens para o futuro e se saírem aficionados ao toureio a pé já é um passo importante.

Olé - Tu que foste um novilheiro da luta e do sacrifício, como vês o actual panorama novilheiril português ?
R.P- Sempre complicado, mas esperamos que o futuro da festa em Portugal possa um dia mudar para melhor. Assim, os nossos futuros aspirantes a matadores de toiros possam fazer o chamado verdadeiro intercâmbio com Espanha e França, que advenha daí o verdadeiro interesse em vir a Portugal as grandes figuras dos países atrás mencionados.

Olé - Queres deixar alguma mensagem ?
R.P- Quero dar os parabéns à bonita iniciativa que o todos conhecemos do Campo Pequeno, nomeadamente à empresa e ao seu gerente taurino o matador Rui Bento e
aos ganadeiros que aderiram à iniciativa .
Faço votos para que a temporada de 2007 seja coroada com bastantes êxitos tanto artísticos como financeiros, para o bem da festa.
E finalmente quero agradecer ao vosso jornal pela entrevista que me fizeram e que continuem a ser isentos, pois só assim poderão ser um bom meio de informação taurina, o meu muito obrigado.

In: Jornal Olé / Marco Monteiro

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quarta-feira, abril 11, 2007

Entrevista a Rui Plácido - Abril 2007


Hoje Rui Plácido irá estar presente no programa "Burladero de imprensa" que ira para o ar entre as 21 e 22 horas na frequência 93.5 e 100.6 FM da Radio Voz de Alenquer a convite de Catarina Bexiga.

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Irmãos Plácido na tauromaquia

Rui Plácido - bandarilheiro
Carlos Plácido - moço de espadas

Lágrimas de ouro triunfo de prata

in: Correio da Manhã / Mauricio do Vale , 04/abril/07

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Arruda dos Vinhos celebrou Festival Taurino -


"José Júlio lidou um toiro com cinco anos de Dias Coutinho, manso e com perigo, mas ao qual o maestro mostrou a fibra de um jovem toureiro a querer despontar. Destemido, José Júlio com os seus 72 anos de idade cativou o público com a sua vontade e logrou sacar alguns muletazos de enorme expressão por ambos os pitons. Destaque ainda para os bandarilheiros Rui Plácido na brega e Rodolfo Barquinha e Pedro Paulino “China” com as bandarilhas, que tiveram enormes durante a lide. "

in: Toiros e Cavalos/Rui Levesinho, 02 Abril/07

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